E num instante estamos no natal. Estava eu ainda no Alentejo nas férias do verão, quando disse que dali ao natal era um saltinho. E foi mesmo. Chega sempre demasiado depressa, e nunca me permite fazer tudo o que queria, principalmente na cozinha e nos encontros com amigos e familiares.
Mas vamos celebrar o mais importante. O amor, o estarmos juntos à mesa, a partilha, a família, as coisas boas que nos unem e nos fazem sorrir.
Nesta época recordo-me sempre do natal quando era pequena. As imagens e os cheiros são de boas recordações. O forno a lenha aceso e as brincadeiras com os primos. A árvore de natal natural e tosca com as luzinhas, e o presépio enfeitado com o musgo apanhado no pinhal. Uma mesa simples, mas cheia de afectos e comida de conforto. As receitas de família presentes na mesa. Os sonhos da minha avó, o arroz doce da minha mãe. Tradições. Havia sempre coquinhos, que eu fazia com a ajuda da minha mãe. E ao dia seguinte era ver um rasto de bolinhos de coco trincados espalhados pela casa. A única coisa que me lembro que não gostava eram as malditas passas e frutas cristalizadas, que retirava uma a uma do que estivesse a comer.
Lembro-me que na noite de natal dormia sempre com os meus avós, aconchegada no meio dos dois. E que boa recordação esta. Sinto-a como um lugar seguro, um amor sem fim.
De madrugada levantava-me de mansinho para ver se o menino Jesus já tinha descido pela chaminé e deixado um presente ao lado do sapatinho. Abria a prenda e voltava para a cama abraçada a ela. E pela manhã acordava com o cheiro da cevada quente, acabada de fazer. Memórias boas e doces, de uma menina feliz.
A menina hoje já gosta de passas e faz bolo-rei e panettone em casa. Para celebrar o natal. E este ficou tão bom, macio e cheio de passas embebidas em rum e com o perfume dos citrinos.
Que o vosso natal seja doce e muito feliz, e que se façam novas memórias para mais tarde recordar. Boas festas!
Panettone de Natal
(adaptado do livro "GBBO Winter Kitchen" de Lizzie Kamenetzky)
80 gr de passas
3 colheres (sopa) de rum escuro
200 gr de manteiga amolecida
100 gr de açúcar amarelo
1 colher (chá) de pasta de baunilha
3 ovos batidos
raspa de 1 laranja
raspa de 1 limão
600 gr de farinha de trigo sem fermento
2 saquetas de 7g de fermento de padeiro seco
1 colher (chá) de sal
200 ml leite morno
50 gr de laranja cristalizada picada
50 gr de alperces secos picados
açúcar em pó para salpicar
Preparação
Colocar as passas e o rum num tachinho pequeno e levar ao lume a aquecer por 2 minutos. Deixar repousar para a fruta embeber o rum.
Numa taça grande colocar a manteiga, a baunilha e o açúcar e bater muito bem com a batedeira eléctrica, por uns 5 minutos. Adicionar o ovos batidos e as raspas de laranja e limão e bater muito bem até ficar incorporado.
Noutra taça grande colocar a farinha e misturar o sal. Polvilhar com o fermento. Abrir um buraco no centro da farinha e colocar o leite ligeiramente morno, misturando tudo em seguida. Juntar esta mistura à da manteiga com ovos e açúcar e bater muito bem a massa na batedeira eléctrica, com o gancho das massas (em alternativa poderá amassar à mão por uns 10 minutos) até a massa ficar homogénea e elástica.
Formar uma bola com a massa e colocar numa taça, tapando com um pano e deixar levedar num sítio morno por cerca de 1h30.
No fim de levedar, colocar a massa sobre uma superfície enfarinhada e amassar por 1 minuto, juntando em seguida as passas, a laranja cristalizada e os alperces amassando as frutas na massa, até ficarem bem incorporadas. Formar uma bola com a massa e colocar numa forma de panettone (em alternativa usar uma forma redonda com 20cm de diâmetro e com papel vegetal nas laterais ficando mais alto que a forma e atar à volta com fio de cozinha), tapar com um pano e deixar num sítio morno a levedar por mais umas 2 horas até a massa crescer o dobro ou triplo.
Pré-aquecer o forno a 200ºC e pincelar a superfície do panettone com leite ou ovo batido. Levar ao forno reduzindo para 180ºC passado uns 15 minutos, até cozer ou um palito espetado no centro vier limpo (uns 45 a 60 minutos). A meio da cozedura poderá ser necessário colocar papel de alumínio para não queimar o topo do panettone.
Deixar arrefecer dentro da forma de panettone e só depois desenformar, ou caso usem uma forma normal devem desenformar passado 5 minutos de sair do forno. Salpicar com açúcar em pó na altura de servir.
Bom Apetite!
(Cake Stand by Coco e Baunilha)
Que lindo panettone!! Nós aventuramo-nos a fazer um no ano passado, mas este ano estamos numa de rolos de canela e frutos vermelhos. As passas continuo a não apreciar por aí além, mas as frutas cristalizadas sim, podem vir, desde que em bolos!!
ResponderEliminarBom Natal!
http://bloglairdutemps.blogspot.pt/
Obrigada Ruth! Hum rolinhos de canela e frutos vermelhos soam mesmo bem, o cheirinho da canela faz-me sempre pensar nesta época. Um beijinho.
EliminarUm bolo perfeito, Ines!! acho que vou experimentar! :)
ResponderEliminarBeijinhos e bom nadal!
Obrigada, experimenta que vais gostar! Fica delicioso!
EliminarUm beijinho e boas festas.
Que memórias boas! Ao ler as tuas palavras até me vieram as lágrimas aos olhos, pois vieram-me à memória os natais perfeitos da minha infância, em casa dos avós, com os primos todos e muita alegria. Saudades infinitas! <3
ResponderEliminarSão tão boas estas memórias, e é disso que é feito o natal. Obrigada e um beijinho.
EliminarInês minha querida,
ResponderEliminarEstou aqui encantada com a delicadeza de suas fotos, estão lindas demais!
Amo seus relatos, você escreve e fotografa muito bem, além de produzir
receitas saudáveis e irresistíveis!
Amanhã será minha última postagem do ano, vou descasar uns dias, tirar
férias. Desejo a você a sua família um Feliz Natal e um 2017 repleto de
paz, saúde e muitas conquistas!
Beijos no seu ♥
Que querida, adorei ler as tuas palavras.
EliminarBoas Festas! um grande beijinho deste lado do mar.
Olá Inês: tão boas estas recordações do Natal da infância. Penso que ,no fundo, quando chegamos a adultos, queremos é recriar de alguma maneira, nem que seja através dos doces, aquela época mágica. Adorei o teu panettone. Eu adoro frutas cristalizadas ( nunca me fizeram impressão) e por isso ia aceitar, de bom grado, uma generosa fatia.
ResponderEliminarBjn
Márcia
São mesmo boas recordações Márcia.
EliminarTeria todo o gosto em partilhar uma fatia deste panettone contigo. Um beijinho.
O bom do natal e dos momentos à mesa é isso mesmo. As memórias que evoca e boas ou más, memórias são algo que faz parte da nossa existência e vivência enquanto seres humanos e por isso, há que tirar o melhor dessas memórias.
ResponderEliminarFicou lindo o teu panetonne. Nunca fiz, não tenho forma, mas deve ser maravilhoso, ainda mais sendo receita desse livro que adoro...
As fotos estão mágicas. As mais lindas de sempre!!
Um beijinho e votos de um muito feliz e santo natal para ti e família.
Lia
Acho que as melhores memórias do natal são sempre estas, as da infância. Hoje em dia já não ligo tanto ao natal, mas desejo sempre que possa ser como antes, e com todos unidos à mesa. Gosto muito da minha forma de panettone :) e do cheirinho que se espalha na cozinha.
EliminarBoas festas Lia e um beijinho.
Tão bonito o que escreveste sweetie... :)
ResponderEliminarSão memórias que ficam para sempre. Nem eu gostava das passas hehe, agora já gosto.
Adorei a tua sugestão e as fotos estão mesmo lindas ♥
Bom Natal!
Bjinho
Sweetie, obrigada!
EliminarEspero que tenhas tido um feliz natal e um dia de anos bem doce como tu. Boas Festas!
E um beijinho enorme.
PS: Obrigada de coração pela referência ♥
ResponderEliminarSabes o quanto o adoro :) beijoca!
EliminarÉ tão isso Inês. As memórias, os cheiros que guardamos, o gosto, o quentinho de fora e de dentro. O Natal é mesmo esse aconchego :) Um Natal tão feliz para ti! E obrigada por partilhares e parabéns por essas fotografias tão lindas. beijinho grande
ResponderEliminarÉ mesmo isso Inês, e é tão bom um natal cheio de boas memórias que de alguma forma transportamos para o de hoje.
EliminarBoas Festas menina linda!
Que recordações tão boas! Que giro ires buscar a prenda e te abraçares a ela até de manhã :D
ResponderEliminarNunca fiz esse bolinho, mas parece ser relativamente simples! Tenho de experimentar :)
Acordava sempre de madrugada e lá ia eu espreitar hehe.
EliminarTens de experimentar, adoro este tipo de massa doce.
Um beijinho.
Este Panettone está belissimo, Inês. A dar forma a umas fotos deliciosas e bem envolventes, como adoro.
ResponderEliminarConfesso que nunca fiz este doce natalício por o achar muito seco, mas este teu até levava uma boa trinca. ;)
O Natal é sempre aquela festa que mais nos toca e remete para a infância e para as recordações mais puras e doces. Ainda que a vida lhe vá retirando algum encanto é necessário fazer um esforço para que não se perca nunca totalmente.
Espero que o teu natal tenha sido bem doce e desejo-te o melhor para o próximo ano. E idealmente que 2017 nos proporcione mais momentos juntas <3
Bjsss grandes
S. Susi, este panettone não ficou seco, ficou bem fofo e macio, adorei-o por isso! E com as sobras podes sempre fazer um dos teus deliciosos bread puddings :)
EliminarÉ isso, apesar de algum encanto que se perde, pela vida e não só, há que manter o natal dentro de nós. E sim, que o novo ano nos permita partilharmos bons e doces momentos.
Sabem tão bem essas memórias de infância! Eu também todos os anos fazia uma árvore de Natal bem tosca que ia apanhar com a minha mãe num pinhal perto de casa. As luzinhas às cores, muitas delas fundidas e o presépio com musgo verdadeiro e com alguns bonecos já partidos. E todos os anos colocava o sapatinho debaixo da chaminé. Eram tempos muito felizes!
ResponderEliminarEste ano não fiz Panettone, mas houveram outros doces. O teu ficou lindo e trouxe com certeza mais alegria ao teu Natal :)
Um beijinho grande.
Que giro, acho que há muitas pessoas com memórias semelhantes às nossas :) tempos mesmo felizes!
EliminarUm beijinho Célio e obrigada.